domingo, 20 de abril de 2008

Um pouco, talvez, menos gente...

"Tem dias que a gente se sente
Um pouco, talvez, menos gente
Um dia daqueles sem graça
De chuva cair na vidraça
Um dia qualquer sem pensar
Sentindo o futuro no ar
O ar, carregado sutil
Um dia de maio ou abril
Sem qualquer amigo do lado
Sozinho em silêncio calado
Com uma pergunta na alma
Por que nessa tarde tão calma
O tempo parece parado?"
(As Profecias - Raul Seixas e Paulo Coelho)


Crescer é dificil, né?! Virar adulto é tão dolorido quanto nascer... a diferença é que a gente lembra o quanto dói quando o ar entra nos pulmões pela primeira vez, o quanto dói sair de um lugar quente e potegido, do colo de quem nos ama.

Ultimamente tenho pensado no rumo que a vida tomou... o que mais assusta, é que ela não tomou rumo nenhum! Nada é certo... nenhum "contrato" (nem divino, nem dos homens) à longo tempo! É a fase do "êpa! êpa!" (que vem logo depois do "oba! oba!"). O problema é que junto com a insegurança vêm todos os outros sentimentos...

Já chorei por tanta coisa esses dias, de saudade do meu pai, pelos amigos reais, pelos amigos imaginários (assunto pra outro post...), acho que ainda vou chorar um pouco mais! Afinal, tô quase me convencendo de que chorar pode mesmo ajudar! Só que esse processo tem que ser sozinha, gosto de me resolver sozinha, e quase gosto de achar que fui abandonada... QUASE! Gosto de ficar com as pessoas, mas falando coisas boas... não preciso que me lembrem das tristezas, disso eu me encarrego sozinha!

sábado, 26 de janeiro de 2008

Ao Mestre com Carinho

Acredito que somos reflexo daquilo que já vivemos, somos bagagem. Quando crianças, pensamos que somos os donos do mundo, achamos que muitas coisas não fazem sentido, não conseguimos enxergar e aproveitar as oportunidades, na verdade, não melhora muito quando crescemos...

Na 6ª série, do hoje chamado Ensino Fundamental, tive uma professora da qual mal lembro do nome, o rosto se perdeu. Ela foi a primeira pessoa que me fez sentir orgulho da música que eu escuto, que me fez perceber o que eu escutava em casa, me fez perceber que aquilo tinha uma história e principalmente, que aquilo me fazia bem. mas essa influência e a importância dela na minha história eu só percebi muito tempo depois. Eu sempre tive boa relação com meus professores, tinha o dom de torná-los amigos, com ela por algum motivo desconhecido era diferente, eu a odiava e era recíproco.

Chico Buarque e Adoniran Barbosa foi o que ela nos apresentou, eu já conhecia um pouco, mérito do meu pai. O que ela queria com aquilo? Na época eu não tinha condições nem de me fazer tal pergunta, muito menos respondê-la. Acho que tentou, naquela sala de aula com aquele "bando de cabeças-de-vento", o que eu tento todo o dia: Espalhar um pouco da boa cultura brasileira. Talvez tenha tentado fazer juz ao seu posto de professora de artes, posto ocupado por aqueles que de aguma forma desagradaram a direção, era uma punição.

O erro dela para ter herdado o posto? Não sei, não me interessou na época, muito menos agora... O erro dos alunos? Não conseguirem entender o valor daquilo tudo, não conseguem entender o valor de uma aula preparada com carinho e a esperança de que alguém no fim entenda. O erro do sistema? usar a arte como punição. Arte devia ser tão obrigatória quanto português e matemática, devia ter professores preparados, é importante que um povo conheça sua própria cultura, sua história, antes que a banalização se transforme em "sua própria cultura".

Eu só queria que ela soubesse que pelo menos com uma pessoa deu certo, em uma pessoa ela deixou a marca, pra uma pessoa aquelas aulas valeram a pena e foram inesquecíveis. Se eu não conseguir encontrá-la, espero qie ela não desista dos "cabeça-de-vento", pode ser que mais um se salve...